A Lagoa Mundaú, presente em sete municípios do Estado de Alagoas, é responsável pela garantia de trabalho de cerca de 2 mil pescadores. Ao longo de seus 27 Km2 promove o sustento de mais de 10 mil ribeirinhos das cidades de Maceió, Rio Largo, Satuba, Santa Luzia do Norte e Coqueiro Seco.
A despeito de toda a importância, esta lagoa vem sofrendo uma grave degradação ambiental que atinge não só os ribeirinhos, como toda a população dos municípios envolvidos.
A degradação advém das indústrias cloroquímicas, do crescimento desordenado das cidades, do povoamento das encostas de forma irregular e da intensa atividade das indústrias sucroalcooleiras às suas margens.
No município de Maceió, a lagoa é exemplo de um recurso natural que promove a sustentabilidade, já que muitas famílias vivem de seus recursos. Mas, diante de tanto potencial ambiental da região e pela sua localização privilegiada, a lagoa é muito explorada, o que determina as suas características do desenvolvimento, que gera empregos, renda, mas exaure o patrimônio ambiental e deteriora as características e os valores culturais locais.
De acordo com estudos do Instituto do Meio Ambiente (IMA), a partir da compreensão do processo de apropriação dos recursos ambientais, que ocorre nas margens da Lagoa Mundaú é possível observar um conjunto de problemas ambientais perfeitamente configurados, dentre os quais cabe mencionar: poluição hídrica, em especial por esgotos domésticos e despejos industriais; contaminação do solo e do lençol freático; assoreamento acelerado da lagoa com deposição de sedimentos; queima, corte e aterro de manguezais; ocupação das encostas dos tabuleiros; redução dos estoques e contaminação dos pescados; parcelamento inadequado do solo e construções impróprias nas orla lagunar; e, deterioração do patrimônio cultural.
Como agravante desse quadro, cabe destacar também fatores que ocorrem à montante, todos em geral com repercussões negativas para o carreamento de sedimentos e poluentes. Com efeito, às margens da lagoa constata-se a ocorrência de intensa atividade canavieira, unidades produtoras de açúcar e/ou álcool, pecuária, além de núcleos urbanos de porte significativo e outras atividades industriais, tais como matadouros, fábrica de fertilizantes, pedreiras e cerâmicas.
A identificação desse quadro deve ser analisada em estudos científicos mais profundos para que se garantam os direitos do povo que depende desse recurso natural, para que não se chegue a um ponto em que seja tarde demais.
De fato, não é recente a preocupação dos alagoanos com relação ao rico patrimônio natural. Ao longo dos últimos 25 anos, desde o pioneiro “Projeto de Levantamento Ecológico e Cultural das Lagoas Mundaú e Manguaba” realizado através de Convênio entre a SUDENE, CNRC e CDCT-SEPLAN/AL (77-78), diversos planos, estudos e projetos foram desenvolvidos na região, sem, no entanto, chegar a um programa estratégico e articulado de ações para sua recuperação.
Nos últimos anos os problemas se agravaram e as condições ambientais passaram a ser bastante críticas, levando a Lagoa em questão ao limite de sua sustentabilidade. Grandes mortandades de peixes voltaram a ocorrer, causando desespero e revolta entre os pescadores e familiares, em demonstração inequívoca da urgente necessidade de se equacionar os problemas ambientais das bacias hidrográficas que conformam o Complexo Lagunar.
Numa visita à Lagoa Mundaú, em entrevista à comunidade, foi possível contatar que a quantidade e qualidade dos peixes vêm diminuindo, prejudicando o sustento das pessoas que dependem da pesca, enquanto as águas estão a cada dia mais poluídas e de difícil utilização.
Das medidas mais recentes para a preservação da Lagoa, destaca-se a do Governo Federal, através da Agência Nacional de Águas, com a elaboração do Plano de Ações e Gestão Integrada do Complexo Estuarino-Lagunar Mundaú – Manguaba – CELMM, que inclui a Lagoa Mundaú no programa, visando a recuperação e a necessária conscientização da população.
A Lagoa Mundaú necessita que sejam tomadas medidas rápidas, mas a população que vive às suas margens é muito pobre e parte essencial dessas medidas é o saneamento básico para essa comunidade, evitando a continuação de despejo de esgotos e lixo em suas águas.
Fonte: https://noticiasnarede.com.br
Foto: Estefanny Cavalcante